Eu Sou a Luz do Mundo Planetário

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Grão de Mostarda


“... Jesus lhes respondeu: É por causa da vossa incredulidade. Porque eu vo-lo digo em verdade: se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: transporta-te daqui para ali, e ela se transportaria, e nada vos seria impossível.”
(Capítulo 19, item 1.)

       Fé é sentimento instintivo que nasce com o espírito. Crença inata, impulso íntimo fundamentado na “certeza absoluta” de que o Poder Divino, em toda e qualquer situação, está sempre a promover e a ampliar o nosso crescimento pessoal.

       Esta convicção inabalável na “Sabedoria Divina”, que é a própria Inteligência que rege a tudo e a todos, atinge a sua plenitude nas criaturas mais evoluídas. Tais valores encontravam-se, inicialmente, em estado embrionário e, ao longo das encarnações sucessivas, estruturaram-se entre as experiências do sentimento e do raciocínio.

       Como em todas as manifestações de progresso, também este impulso intuitivo do ser humano ligado às faixas da fé, é resultado de um desenvolvimento lento e progressivo.

       Por exemplo, a criança não pode manifestar a habilidade de falar, sem ter atravessado as fases básicas da fonética, isto é, resmungar, balbuciar, soletrar e silabar.

       Deste modo, o ser imaturo, apesar de criado com esse sentimento instintivo da fé, também atravessa um vasto período de desenvolvimento, que não se dá por mudanças abruptas, mas por uma série de sensações e percepções, às vezes mais ou menos demoradas, conforme a vontade e a determinação do próprio espírito.

Consequentemente, a fé plena não é só conquista repentina que aparece quando queremos; é também trabalho desenvolvido e assimilado ao longo do tempo.

Ela pulsa em todas as criaturas vivas e agita-se nas menores criações do Universo.

Encontra-se na renovação do mineral rompido, que se restaura a si mesmo; aparece no fototropismo das plantas em crescimento; impulsiona o “relógio interno”, que incita as aves a efetuar as suas migrações, quase na mesma época em todos os anos; aguça o “regresso ao lar”, ou seja, estrutura a capacidade de orientação e localização, observada em certos animais domésticos.

A fé também estimula o homem selvagem a nutrir a crença na existência de um ser supremo, que eles adoram nos fenómenos e elementos da Natureza.

Entendemos, desta forma, que a fé não equivale a uma “muleta vantajosa” que nos ajuda somente nas nossas etapas difíceis, nem “providências de última hora” para alcançarmos os nossos caprichos imediatistas. Ter fé é auscultar e perceber as “verdadeiras intenções” da ação divina em nós e, acima de tudo, é o discernimento de que tudo está absolutamente certo.

Nada está errado connosco, pois o que chamamos de “imperfeição” no mundo são apenas as lições não aprendidas ou não entendidas, que precisam ser recapituladas, a fim de nos podermos conhecer melhor, assim como as leis que regem a nossa existência.

Ter fé em Deus é reconhecer que a Natureza, “Arte Divina”, garante a nossa própria evolução. Mesmo quando tudo pareça ruir à nossa volta, é ainda a fé amplamente desenvolvida que nos dará a certeza de que, mesmo assim, estaremos sempre a ganhar, ainda que, momentaneamente, não possamos decifrar o ganho com clareza e nitidez.

No Universo nada existe que não tenha a sua razão de ser. Tudo aquilo que parece desastroso e negativo na nossa existência, nada mais é que a vida a articular caminhos, para podermos chegar onde estão os nossos reais anseios de progresso, felicidade e prazer.

A criatura que aprendeu a ver o encadear dos factos da sua vida, além de cooperar e fluir com ela, percebe que aquilo que lhe parecia negativo era apenas um “caminho preparatório” para alcançar posteriormente um Bem Maior e definitivo para si mesma.

As grandes tragédias não significam castigos e punições, porém maiores possibilidades futuras para a obtenção de uma melhoria de vida íntima e, paralelamente, de plenitude existencial.

Em face destas realidades, a fé aperfeiçoada faz com que possamos avaliar em todas as ocorrências, uma constante renovação enriquecedora. Quando todas as árvores estão despidas, é que se inicia um novo ciclo em que elas reúnem as suas forças embrionárias e instintivas da fé para novamente se vestirem de folhas, flores e frutos.

Tudo na Natureza obedece a “ritmos”. São processos da vida em ação. No fim de um ciclo, a nossa energia declina para, logo de seguida, reunirmos mais forças para uma nova incursão renovadora.

A cada nova etapa de crescimento, talvez nos sintamos temerosos e inseguros, a exemplo de certos animais que perdem momentaneamente os seus revestimentos protetores. Depois, no entanto, sentir-nos-emos melhor adaptados, ao nos cobrirmos com elementos e estruturas mais eficientes, e que nos permitam prosseguir mais ajustados no nosso novo estágio evolutivo. Assim acontece com todos. Seremos atingidos por um “sereno bem-estar” quando visualizarmos antecipadamente as porvindouras oportunidades de reconforto, pros­peridade e segurança que a vida nos trará após atravessarmos os “ciclos amargos” do renascimento interior.

A confiança em que tudo está justo e certo e em que não há nada a fazer, a não ser melhorar o nosso próprio modo de ver e entender as coisas, alicerça-se nas palavras de Jesus: “até os fios de cabelo da nossa cabeça estão todos contados”. É a convicção perfeitamente ajustada a uma compreensão ilimitada dos desígnios infalíveis e corretos da Providência Divina.

Em muitas ocasiões, somente usando os recursos interpretativos da fé, nos grandes choques e tragédias, é que podemos notar o “processo de atualização” que a vida nos oferece, porquanto o significado de um acontecimento é captado em plenitude apenas quando “decifrado”.

É o único caminho que nos permitirá encontrar a verdadeira compreensão e entendimento dos factos em si.

Entretanto, quando não traduzimos no decorrer dos acontecimentos os nossos episódios existenciais, sentimos que a nossa vida se vai tornando inexpressiva, sem nenhum sentido, porque vamos perdendo contacto com as mensagens silenciosas e sábias que a vida nos endereça.

Aqui estão algumas interpretações de factos aparentemente negativos, quando, na realidade, são profundamente positivos:

— Para vencermos a doença é necessário interpretar o que o sintoma nos quer alertar sobre o que precisamos fazer ou mudar para harmonizar o nosso psiquismo descontrolado.

— Sucessivos acontecimentos de “abandono” e “decepção” na nossa vida são mensagens silenciosas, alertando-nos que o nosso “grau de ilusão” ultrapassou os limites permitidos.

— Perda de criaturas queridas pode ser a lição que nos vai livrar de atitudes possessivas e de apegos patológicos, tanto para quem parte como para quem fica.

— Alucinação e loucura podem adestrar-nos para maiores valorizações da realidade, afastando-nos de fantasias e aparências.

— Vícios de qualquer matiz podem estabelecer nos indivíduos normas corretivas na vida interior, a fim de que aprendam a lidar e a controlar melhor suas emoções e sentimentos.

— Traição afetiva pode exercitar-nos na fiscalização de nosso “grau de confiabilidade” e “vulnerabilidade” perante os outros.

— Desprezo ou desconsideração podem ser emissões educativas, impulsionando-nos para um maior amor a nós próprios.

O ser humano de fé não é crédulo nem fanático; é antes o indivíduo que distingue os lucros e as vantagens inseridos nos processos da vida. Compreende a sequência de factos interconectados aprimorando-se, paulatinamente, para intensificar a sua estabilidade e harmonia e, como consequência, o seu engrandecimento espiritual.

Em síntese, a fé como força instintiva da alma, guarda em si possibilidades transcendentes e poderes infinitos. Ao ampliá-la, o homem potencializa-se vigorosamente, fluindo e contribuindo com o próprio ritmo da vida como um todo.

O “grão de mostarda”, na comparação de Jesus Cristo, representa a minúscula semente como sendo o “impulso imanente” que começa a formar-se no “princípio inteligente”, nos primeiros degraus dos reinos da Natureza. Ao longo dos tempos, transmuta-se, desenvolvendo potencialidades inatas, e, futuramente, transforma-se num ser completo e de ações poderosas.

Devemos compreender, por fim, que o “poder da fé” realmente “transporta montanhas” e que para o espírito nada é inacessível, pois quando percebe a razão de tudo e interpreta com exatidão a sabedoria de Deus, a vida para ele não tem fronteiras.

Ao ampliarmos a nossa consciência na fé, sentiremos uma inefável serenidade íntima, porque conseguimos entender perfeitamente que, no Universo, tudo está “como deve ser”; não existe atraso nem erro, somente a manutenção e a segurança do “Poder Divino” a garantir a estabilidade e o aperfeiçoamento de suas criaturas e criações.

RENOVANDO ATITUDES
FRANCISCO DO ESPÍRITO SANTO NETO
DITADO PELO ESPÍRITO HAMMED
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