Caríssimos (as):
O testemunho ou narrativa que ides ler, poder-vos-á parecer INCRÍVEL, porém, se bem compulsardes a Ciência Espírita, que nos tem, a todos, como seu objecto de estudo, ireis encontrar a razão por que acontecem, na nossa vida, as vivências e/ou as circunstâncias mais variáveis.
Ser, a pedido do próprio, enterrado vivo, poderá parecer coisa de LOUCO… todavia e em Verdade, não havendo Loucura alguma, perante o que aqui se soube, tudo foi requerido e vivido a fim de se saldar Séria Dívida advinda de uma vida pretérita.
Eis, então, uma das razões que nos motiva e leva a defender, veementemente, a REENCARNAÇÃO.
É que, diga-se, se ela não fizesse parte do Direito Executivo, subsumido ou plasmado na Lei de DEUS, não tínhamos como limar arestas, leves, médias ou profundas, de nossas imperfeições, impossibilitando-nos evoluir e subir a Deus.
Ao sermos Livres por vontade de Deus/Pai/Mãe/Criador, passíveis seremos de Errar, ou seja, o erro está ou pode estar em nós. Se este Modo-de-Ser é assim por Vontade de DEUS, necessariamente teria Ele de nos oferecer meios de nos aprimorarmos, em ordem a nos livrarmos desses erros e, degrau a degrau, subirmos a escadinha que a Ele nos levará…
Leiam, pois, com muita calma, apreendendo tudo o que aqui vos é dito, sem olvidar a parte final… em que se relembra os erros da Humanidade durante a Idade Média e séculos seguintes…
Ao falar-se nesses Tempos de verdadeiros horrores, onde o AMOR do CRISTO estava arredado de muitos Corações religiosos, razão nos fica para percebermos por que causa, neste actual Tempo, deseja o Pai/Criador ver reconstruído o TEMPLO da Verdade, do Amor e da LUZ, isto é, a NOVA IGREJA DO CAMINHO.
Isto que aqui vos dizemos e deixamos prova-o.
Era isto que eu tinha para vos dizer. O resto fica sob a responsabilidade do vosso Coração.
Eu sou,
Manuel Álvaro da Silva de Jesus
Mentor terreno da Nova Igreja do Caminho
Portugal, cidade do Porto.
***
Enterrado vivo – A pena de talião
António B., escritor de estimadíssimo merecimento, que exercera com distinção e integridade muitos cargos públicos na Lombardia, pelo ano de 1850 caiu aparentemente morto, de um ataque cataléptico.
Como algumas vezes sucede em tais casos, a sua morte foi considerada real, concorrendo ainda mais para o engano os vestígios da decomposição assinalados no corpo.
Quinze dias depois do enterro, uma circunstância fortuita determinou a exumação, a pedido da família. Tratava-se de um medalhão por acaso esquecido no caixão. Qual não foi, porém, o espanto dos assistentes quando, ao abrir este, notaram que o corpo havia mudado de posição, voltando-se de bruços e – coisa horrível – que uma das mãos havia sido comida em parte pelo defunto.
Ficou então patente que o infeliz António B. fora enterrado vivo, e deveria ter sucumbido sob a acção do desespero e da fome.
Evocado na Sociedade de Paris, em Agosto de 1861, a pedido de parentes, deu as seguintes explicações:
1. Evocação.
R. Que quereis?
R. Sim, desejo fazê-lo.
3. Lembrai-vos dos incidentes da vossa morte?
R. Ah! Certamente que me lembro; mas por que avivar essa lembrança do castigo?
4. Efectivamente foste enterrado por descuido?
R. Assim deveria ser, visto revestir-se a morte aparente de todos os caracteres da morte real: eu estava quase exangue. (1) Não se deve, porém, imputar a ninguém um acontecimento que me estava predestinado desde que nasci.
5. Incomodam-te estas perguntas? Será mister dar-lhes fim?
R. Não. Podeis continuar.
6. Porque deixaste a reputação de um homem de bem, esperávamos que fosses feliz.
R. Eu vos agradeço, pois sei que haveis de interceder por mim. Vou fazer o possível para vos responder, e, se não puder fazê-lo, fá-lo-á um dos vossos Guias por mim.
7. Podeis descrever-nos as vossas sensações daquele momento?
R. Que dolorosa provação sentir-me encerrado entre quatro tábuas, tolhido, absolutamente tolhido! Gritar! Impossível! A voz, por falta de ar, não tinha eco! Ah, que tortura a do infeliz que em vão se esforça para respirar num ambiente limitado! Eu era qual condenado à boca de um forno, abstracção feita do calor. A ninguém desejo um fim rematado por semelhantes torturas. Não, não desejo a ninguém um tal fim! Oh! Cruel punição, de cruel e feroz existência! Não saberia dizer no que então pensava; apenas revendo o passado, vagamente entrevia o futuro.
8. Dissestes: cruel punição de feroz existência... Como se pode conciliar essa afirmativa com a vossa reputação ilibada?
R. Que vale uma existência diante da eternidade?! Certo, procurei ser honesto e bom na minha última encarnação, mas eu aceitara um tal epílogo previamente, isto é, antes de encarnar. Ah!... Por que interrogar-me sobre esse passado doloroso que só eu e os bons Espíritos enviados do Senhor conhecíamos? Mas, visto que assim é preciso, dir-vos-ei que numa existência anterior eu enterrara viva uma mulher – a minha mulher, e, por sinal, num fosso! A pena de talião devia ser-me aplicada. Olho por olho, dente por dente.
9. Agradecemos essas respostas e pedimos a Deus que vos perdoe o passado, em atenção ao mérito da vossa última encarnação.
R. Voltarei mais tarde, mas, não obstante, o Espírito de Éraste completará esta minha comunicação.
* * *
Instruções do guia do médium:
Por esta comunicação podeis inferir a correlatividade e dependência imediata das vossas existências entre si; as tribulações, as vicissitudes, as dificuldades e dores humanas são sempre as consequências de uma vida anterior, culposa ou mal aproveitada. Devo todavia dizer-vos que desfechos como este de António B. são raros, visto que, se de tal modo terminou uma existência correcta, foi por o ter solicitado ele próprio, com o objectivo de abreviar a sua erraticidade e atingir mais rápido as esferas superiores. Efectivamente, depois de um período de perturbação e sofrimento moral, inerente à expiação do hediondo crime, ser-lhe-á este perdoado, e alçar-se-á ele a um mundo melhor, onde o espera a vítima que há muito lhe perdoou. Aproveitai este exemplo cruel, queridos espíritas, a fim de suportardes, com paciência, os sofrimentos morais e físicos, todas as pequenas misérias da Terra.
P. Que proveito pode a Humanidade auferir de semelhantes punições?
R. As penas não existem para desenvolver a Humanidade, mas sim e tão-somente para punição dos que erram. De facto, a Humanidade não pode ter interesse algum no sofrimento de um dos seus membros. Neste caso, a punição foi apropriada à falta. Por que há loucos, idiotas, paralíticos? Por que morrem uns queimados, enquanto que outros padecem as torturas de longa agonia entre a vida e a morte? Ah! Crede-me; respeitai a soberana vontade e não procureis sondar a razão dos decretos da Providência! Deus é justo e só faz o bem.
Éraste
* * *
Este facto não encerra um ensinamento terrível? A justiça de Deus, às vezes tardia, nem por isso deixa de atingir o culpado, prosseguindo no seu aviso. É altamente moralizador saber-se que, se grandes culpados acabam, pacificamente, na abundância de bens terrenos, nem por isso deixará de soar cedo ou tarde, para eles, a hora da expiação. Penas tais são compreensíveis, não só por estarem mais ou menos ao alcance das nossas vistas, mas também por serem lógicas. Cremos, porque a razão o admite. Uma existência honrosa não exclui as provações da vida; são escolhidas e aceites como complemento de expiação – o restante do pagamento de uma dívida saldada antes de receber o preço do progresso realizado.
Considerando quanto nos séculos passados era frequente, mesmo nas classes mais elevadas e esclarecidas, os actos de barbárie que hoje repugnam; quantos assassínios cometidos nesses tempos de menosprezo pela vida de outrem, esmagado o fraco pelos poderosos sem escrúpulos; então compreenderemos que muitos dos nossos contemporâneos têm de expungir máculas passadas, e tampouco nos admiraremos do número considerável de pessoas que sucumbem vitimadas por acidentes isolados ou por catástrofes colectivas.
O despotismo, o fanatismo, a ignorância e os prejuízos da Idade Média e dos séculos que se seguiram, legaram às gerações futuras uma dívida enorme, que ainda não está saldada.
Muitas desgraças nos parecem imerecidas, somente porque apenas vemos o presente.
__________
(1) Privado de circulação do sangue. Descoloração da pele pela privação do sangue.
(Do livro “O Céu e o Inferno” - Allan Kardec / 2ª Parte - Cap. VIII)
***
Texto revisto.
Sem comentários:
Enviar um comentário